Varíola do Mamoeiro (Asperisporium caricae)
- dinahps
- 27 de dez. de 2015
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Varíola do Mamoeiro
Mamoeiro
A árvore que produz o mamão chama-se mamoeiro. Esta árvore produz o fruto durante o ano todo, porém a safra ocorre nos meses de maio, junho, agosto e outubro.
Possui um formato oval e sua casca é lisa. Quando está maduro apresenta-se na cor amarela. Sua polpa interna é macia de cor alaranjada, sendo que no centro existem muitas sementes. Quando maduro apresenta um sabor doce e suave. Existem diversas variedades de mamão. As mais conhecidas no Brasil são: mamão papaia, mamão formosa, mamão-da-baía, mamão-macho e mamão-da-índia.
O mamoeiro (Carica papaya L.) é uma das plantas tropicais de maior importância na produção nacional e mundial de fruteiras. O Brasil é o maior produtor mundial de mamão, com uma produção estimada de 1,6 milhões de tonelada em 2005, porém desta, somente cerca de 2% é exportada. As principais regiões produtoras encontram-se na Bahia e Espírito Santo. Regiões com clima quente favorecem o cultivo do mamoeiro. O mamoeiro cultivado comercialmente (Carica papaya L.) pertence à família Caricáceaee, sendo uma espécie diplóide com 2n=18 cromossomos. Possui o seu centro de origem na Bacia Amazônica Superior, onde sua diversidade genética é máxima, o que caracteriza o mamoeiro como uma planta tipicamente tropical.
Varíola do mamoeiro
A varíola é a doença mais comum do mamoeiro e, embora não prejudique a qualidade da fruta, deixa-a com um aspecto ruim devido à grande quantidade de manchas, causando sua desvalorização.
As características da principal doença que ataca o mamoeiro e como o produtor pode evita-la. Os sintomas da varíola são do tipo necrótico e se manifestam tanto nas folhas como nos frutos. Nas folhas se caracterizam por manchas pequenas, geralmente menores do que 3 a 4 mm de diâmetro, de com formação mais ou menos circular, de coloração pardo-clara, circundadas por um halo amarelado. Na página inferior da folha, correspondendo a lesão, o fungo desenvolve frutificações pulverulentas, escuras, dispostas segundo círculos mais ou menos concêntricos, que dão a mancha um aspecto cinzento a preto. A incidência muito severa nas folhas afeta o desenvolvimento e a vitalidade das plantas, principalmente quando novas. Nos frutos novos os sintomas se apresentam inicialmente como áreas circulares apresentando encharcamento dos tecidos, o centro dos quais frequentemente mostra um ponto esbranquiçado.Com o decorrer do tempo as manchas tornam-se salientes e de cor marrom, tomando o aspecto de pústulas semelhantes ás da folha e que lembram as pústulas da varíola humana, da onde o nome da doença. A medida em que os frutos se desenvolvem, também se desenvolve as manchas, as quais se apresentam com cor escura, chegando a atingir um diâmetro de meio centímetro. Em condições favoráveis ao patógeno este esporula sobre as manchas dos frutos. Essas manchas se limitam ás camadas mais externas do fruto, causando o endurecimento da casca na parte afetada e não atingindo a polpa. Entretanto, devido ao mau aspecto conferido, desvaloriza o produto no mercado. Nas áreas secas da folha, a lesão circular torna-se branca, diferenciando-se assim das lesões de antracnose. Em época de chuvas e alta umidade, as lesões podem aparecer nas folhas jovens e nos frutos.
O agente causal da varíola é o fungo imperfeito Asperisporium caricae. Apresenta estroma subepidérmico que irrompe através da epiderme e produz conidióforos curtos em feixe. Os conídios são curtos, equinulados e bicelulados. A grande frequência com que a doença é encontrada no campo sugere que o fungo não tem problemas de sobrevivência, provavelmente porque o mamoeiro apresenta folhas suscetíveis durante todo o ano, e também sugere que os esporos são facilmente disseminados pelo vento a longas distâncias. Dentro do campo os respingos de chuva e a água de orvalho devem ter papel importante na disseminação. Quanto ás condições ambientais favoráveis nada se encontra na literatura, mas, como em outras doenças causadas por fungos, a umidade deve ter um papel importante na infecção. Como se pode ver, essa doença, como de resto todas as doenças do mamoeiro, está por merecer maior atenção dos pesquisadores.
Uma das formas de proteger sua lavoura da varíola do mamoeiro é o agricultor obter sementes tratadas. Em caso de contaminação, para se livrar das folhas infectadas ele deve queima-las e os frutos muito atacados devem ser retirados e enterrados. Um fungicida muito utilizado, embora com controle, na agricultura orgânica é a calda bordalesa. Dada a frequência do aparecimento da doença na cultura do mamoeiro, devem se tomar medidas de proteção, segundo um programa pré-estabelecido de pulverização de fungicidas. Destes, os mais eficientes são os tiocarbamatos que são também eficientes no controle da antracnose. Pode-se usar o maneb ou o zineb e deve-se iniciar o tratamento na época de maior frutificação, pois a pulverização dos frutos pode resultar na formação de frutos manchados. As manchas não podem ser removidas dos frutos com cascas tenras sem causar injúrias aos mesmos e a presença de resíduos de fungicidas nos frutos pode influenciar o valor econômico dos mesmos. Medidas complementares de controle, tal como eliminação de folhas afetadas, tanto da planta como no chão, são de pequeno alcance e pouco práticas.